Há algum tempo passei da idade da doçura e inocência. Sem abandoná-las, fui retomando aos seus contrários - que sempre estiveram comigo – embora deslocassem. A malícia vivia batendo na porta em vão. Até que um dia entrou sem pedir licença, sentou ao meu lado, causando tontura inquietante. Cobrou coisas que eu queria, mas não tinha condições de dar. Só que eu tenho. Sim, eu tenho. Tenho, mas nada assim tão fácil, sem sofrimento. Não falo desses sofrimentos de penitência, por favor! Estou falando de outro tipo de sofrimento. Daquele que temos que passar para realizar os bons feitos. Uma coreografia de ballet tão bela, leve e breve, provavelmente, exigiu muitas dores da bailarina. Eu tenho que enfrentar as minhas dores, ainda que eu teime e temo em doer. O medo paralisa, nada acontece e o tempo passa. Aqui estou enfrentando a dor da escrita. Tentando controlar as palavras enquanto elas tomam vida própria: não era isso, ainda não é isso. E exponho-as, mesmo assim, para que algo aconteça. Para ver quão adiante elas possam caminhar. Elas que têm o dom de alterar até meus pensamentos. Aliás, os pensamentos dependem das palavras, e é bom que eu diga isso já no meu texto inaugural. O pensamento é feito de palavras, não o contrário. Eu vim aqui para experimentar as palavras e exercitar o pensamento. Um dos motivos para abandonar meu primeiro blog foi esse: o nome. A inquietação vem das palavras e elas movimentam o pensamento. Minhas palavras dizem que é hora de enfrentar a dor. Enfrentar meus avessos. Enfrentar o tempo. Controlar as novas doses de mim mesma.
Vou gostar de estar com você. A carinha de menina desmente o nome do blog...rsrs A foto está linda, o texto ótimo. Já está na minha lista. Sucesso!
ResponderExcluirBeijo!
Obrigada, Lúcia.
ResponderExcluirInaugurou: primeiro comentário do Profana.
Aqui vai ter um pouco de mentira e um pouco de verdade, risos.
Beijão!
Vá, cisne negro!
ResponderExcluirE eu vim atrás da Lúcia, pq ela só recomenda coisas boas.
ResponderExcluirVida longa ao Profana!
Bjim
Vou, Thiago!
ResponderExcluirObrigada, Rosamaria.
Vida longa aos nossos escritos.
Beijos.
Olá! Novas dores são desconhecidas, até que esfola e cicatriza! lindo seu espaço! abraços
ResponderExcluirLívia, como é bom ler suas reflexões e estados de sua alma. muitas vezes me identifico com o que vc escreve. bjs
ResponderExcluirObrigada, há de serem enfrentadas, Ives.
ResponderExcluirQue bom, Eliete! Beijos.
O sagrado só existe porque há o profano. E vice-versa. Cada um tem em si o princípio do outro. E tal fato é perfeitamente perceptível nessa tua foto e na dialética entre inocência e malícia que ela revela.
ResponderExcluirTentarei dosar os opostos aqui, Michael.
ResponderExcluirPermitir-se revelar outras versões de si mesma e a riqueza de ser quem você é! Adorei visual do blog, a foto e o título...seguindo e acompanhado!Beijos!!
ResponderExcluirOutras versões melhores de nós mesmos, é isso, Teresa.
ResponderExcluirQue bom que gostou, obrigada!
Beijos!!
Mudanças são sempre necessárias.
ResponderExcluirLindo texto! Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirBeijo.
Maqueie-se e sirva-me mais uma dose, Lívia!
ResponderExcluirSim, Fred.
ResponderExcluirObrigada, Nadia.
Tá saindo... Thiago!
Ei Lívia!
ResponderExcluirGostei do teu novo blog e da proposta dele.
Mas eu também gostava muito do Inquietude, fiquei
com dó dele. rs
Beijos Beijos!!
Aqui vai ser melhor, Leo!!
ResponderExcluirBeijão.
Percebo o processo palavra -> pensamento.
ResponderExcluirEle é bem real.
Isso acontece, de resto, com a fala. Muitas vezes passamos a ser como dizemos...
Em qualquer caso, espero que as tuas dores não sejam grandes...
Beijo, querida amiga Lívia.
Que o poder das palavras te envolva e ao mesmo tempo se renda a tua escrita. Ótimo texto. As palavras são fonte criadora e apaixonam. Pro fanum (o que se realizava fora do templo). Assim era vista a arte que não era religiosa, os cantadores medievais que cantavam em frente as igrejas. Lindo o blog, o nome e esse teu texto revelando o valor que as palavras tem para ti. Se me permite sigo. Um abraço!!!
ResponderExcluirO Profana prolonga a inquietude. Essa que faz parte de ti. De nós.
ResponderExcluirAdoro-te de longe e sinto-te perto.
Sempre
Saudade imensa
Ternuras
Loli
Boa sorte no novo blog!
ResponderExcluirAbraços,
Fernanda
Muito significativo!
ResponderExcluirParabéns pelas constatações vividas, a tranformação é o que promove a vida.
Um beijo,