terça-feira, 23 de junho de 2015

Mãos: as primeiras amantes

Pintura aborígene da rocha, desfiladeiro de Carnarvon, Queensland, Austrália


Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor.
(Carlos Drummond, Sentimento do mundo)



Este texto* nasceu de uma conversa entre amigos no grupo de filosofia. Amigos, como sabemos, conversam sobre tudo e, na filosofia, se algo deve ser descartado é somente a burrice e suas generalizações (conservadorismo, ressentimento, etc). Tudo mais é possibilidade de reflexão, análise e bom humor. Falas, histórias, lembranças, conversas do cotidiano entram para roda e se transformam.

Escolhemos o poema de Drummond para brindar o toque erótico das mãos na descoberta do si mesmo e, quanto perpassam de esplêndido e trágico. Pois bem, vamos resignificar tais versos para as desaventuradas punhetadas, queremos dizer, esses tantos escravos chamados desejos.

É o que passam alguns dos nossos amigos. O grupo é bem diversificado de idades e formações. Pois bem, soubemos de revelações incríveis: os meninos se desconcentram na leitura para bater uma, tentam retomar, desconcentram novamente.

Até bem pouco tempo, a virgindade era um problema maior para as meninas, intocáveis até o casamento, enquanto eles, eram  orientados pelos pais ou tios a se iniciarem com mulheres mais experientes.

Hoje em dia, a preocupação dos pais e da escola mudou muito em relação à iniciação sexual dos jovens. Sexo seguro em primeiro lugar, além de outras preocupações se tornaram centrais, como a prevenção ao uso de drogas, cigarro e bebidas.  Mesmo porque, casos como alunos sendo pegos em salas vazias não são tão raros. O professorpassa a cera, entra na sala e vê dois meninos e uma menina, tinha porra em cima até da folha de papel. Os alunos negaram (obviamente),  um dos meninos disse de antemão: Isso é catarro!

Carina confessou-se admiradora dos meninos virgens: eles se vestem de intelectualidade, no entanto, mesmo com o livro na mão, de literatura ou filosofia, apenas fingem que estão lendo, na verdade, estão completamente afoitos, desesperados!

Outra cena engraçada que não podemos deixar de revelar: a água do mundo acabando, e os meninos se masturbando debaixo do chuveiro!

Drummond, Durmmond, humildemente pedimos perdão! Eles sentem-se dispersos, a guerra que travam é consigo mesmos, precisam matar tamanha fissura! Ahhh, que seriam deles sem as mãos! Oh virgens mãos, não me atrapalhem na concentração da leitura, nem me deixem sem saber o que fazer ao conversar com uma menina! Oh virgens mãos, paremos com essas disputas de quem enche mais o copo no banheiro da escola. Oh virgens mãos, libertem-me de tamanha fixação: desejá-las mais do que tudo nesse mundo!


* Escrito a quatro mãos: as minhas e as da bela e precoce Carina Miranda. 


Um comentário:

  1. Minha opinião em pro dos virgens, quando vc transa com alguem sua energia se mistura, e isso pode ser muito bom pois cria vinculos, mas ao mesmo tempo é ruim caso o parceiro esteje "sujo", no hinduismo isso ja era conhecido, e mesmo nas religiões afro, manter-se casto (sentido simples não transar) é extremamente necessário para o crescimento espiritual do iniciado......### Toma Vadias e Cafajestes que desejam só partilhar a superficialidade de suas relações no mundo

    Acrescentando, ainda não conclui, mas a atividade hedonista de promiscuidade na verdade é um ralo sentimento de prazer q se senti, por isso a busca de mais e incessantemente mais....pq se recebe menos, afinal nada se é entregue de fato.

    Apenas casais q realmente se entregam, correm o risco de serem traidos no futuro ainda q eles não traiam... esse dilema, que tras o completra-se... o prazer esta no risco de pular no infinito escuro, por amor querer confiar.... ainda q racionalmente não se possa confiar em ngm de fato.

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