Nada é mais difícil de suportar que uma sucessão de dias belos. Essa
frase de Goethe está numa citação em “O Mal-estar na civilização”. O prazer
prolongado é extremamente difícil de suportar, somos feitos de modo a só
podermos derivar prazer intenso de um contraste, diz Freud. Eu queria publicar
textos semanais aqui no Profana, mas uma sucessão de dias belos tomaram minha
atenção, até eu me dar conta do quão insuportável foram os últimos
acontecimentos em minha vida. Junto a isso, percebi que as palavras demoram
dentro de mim como num período de gestação e são, muitas vezes, abortadas. Outras
vezes, ficam perdidas e demandam um enorme esforço para, ao serem retiradas,
fazer sentido para o leitor.
Coisas boas estão acontecendo: minha
dissertação tem sido prazerosa, estou em sintonia com o meu orientador,
consegui, finalmente, ter disciplina para fazer academia com o objetivo de
ficar gostosa (lembrem que farei 30 anos em dezembro), o
pessoal da república é legal, mas estou morando muito longe do meu marido e dos
meus cachorros, 420 km é uma viagem muito desgastante e difícil para fazer toda semana. Sinto falta de dormir com ele todos os dias e acordar junto para tomar café da manhã,
dos momentos que ficávamos perto um do outro mesmo quando não tínhamos mais
assunto para conversar, das briguinhas bobas de casal, do abraço apertado
dele me transmitindo a maior calma do mundo. Em resumo: não sei ficar longe
dele.
Por não saber e por já estar
terminando os meus créditos, embora longe do dia da qualificação e da defesa, vou voltar
para minha casa em BH e vir para Itajubá nas quinzenas de orientação e reunião
dos grupos de pesquisa, já tá decidido. Outra coisa que estou animada, dentre
todo um processo de sofrimento que estou enfrentando comigo mesma, comecei a fazer terapia com psicanalista. Sinto que vai dar certo.
É só isso, por enquanto, que dou
conta de contar. Espero voltar outras vezes e pegar a mesma disciplina que
peguei para fazer musculação para escrever aqui.
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