Estava treinando baliza, saí na correria ao final da aula, teria outra atividade em seguida. Enfrentei o trânsito de BH, de carona e a pé. Bebi um suco de uva no caminho. Subi até sexto andar, segui o corredor e encontrei a porta fechada. Estranhei, era o horário de costume. Peguei o celular, estava no silencioso, oito chamadas não atendidas e duas mensagens desmarcando, ocorreu um imprevisto.
Esperava tanto a sessão, toda semana espero, tem me feito tão bem! As pessoas sempre perguntam e quase nunca entendem: "Para que serve a análise? Por que é tão bom assim? Como o analista pode ajudar?". Ora, o analista nos escuta, mas não é qualquer escuta, é uma escuta a partir de um ponto sintomático (daquele problema central que levamos lá). Ele resolve o problema? Não! Dá respostas? Também não! Simplesmente conduz as nossas inquietações, faz trocadilhos a partir das nossas falas e breves intervenções, justamente para que a pessoa elabore sozinha um sentido para aquelas palavras soltas.
A análise enaltece as nossas dúvidas, valoriza a incerteza e a ambiguidade das nossas histórias. Pondera os nossos tropeços, aproveita as nossas falhas, as contingências e o inusitado. Eu deito no divã para isso: tecer narrativas a partir do vazio e da polissemia das coisas, enquanto isso, o analista ri, ao menos o meu ri.
Um riso que acompanha as minhas desidealizações e as rupturas que eu faço das certezas. Há um tempo, eu citava Clarice numa das sessões: "Para aprender a alegria você precisa de todas as garantias?". Essa questão tem a ver com o processo analítico: não há garantias, não há certezas, o que há é um exercitar das dúvidas, um suscitar das alegrias. Feito o álbum da Marisa, "Verdade, uma ilusão" .
A porta estava fechada e eu fui embora. Sentei num café e peguei minha agenda para escrever. Interpretei a ausência como possibilidade de discurso. Era a minha manhã de sexta e eu teria que (r)ir sozinha. Lidar com a falta por minha própria conta e ris(c)o.
Um riso que acompanha as minhas desidealizações e as rupturas que eu faço das certezas. Há um tempo, eu citava Clarice numa das sessões: "Para aprender a alegria você precisa de todas as garantias?". Essa questão tem a ver com o processo analítico: não há garantias, não há certezas, o que há é um exercitar das dúvidas, um suscitar das alegrias. Feito o álbum da Marisa, "Verdade, uma ilusão" .
A porta estava fechada e eu fui embora. Sentei num café e peguei minha agenda para escrever. Interpretei a ausência como possibilidade de discurso. Era a minha manhã de sexta e eu teria que (r)ir sozinha. Lidar com a falta por minha própria conta e ris(c)o.
Afinal, não nos analisam, nós nos analisamos...De vez em quando preciso aquietar a alma, saber de novo que é assim vai ser, mesmo que não aceite bem...
ResponderExcluirAdorei essa brincadeira com o rir. Tem que ser assim, senão, piramos. Levar a vida na leveza e no riso. Um dia de cada vez.
Beijo, Lívia.
Sua visita traz leveza e riso, Lúcia!
ResponderExcluirUm dia de cada vez.
Beijos :-)